Apresentação

Eu sei que existem muitos blogs sobre Twilight, mas todos que eu conheço são extremados: ou Twilight é a primeira maravilha, tendo desbancado já as outras sete, ou é um lixo nuclear, cujo úúnico mérito é arder bem e sendo capaz de alimentar uma boa fogueira.
Este blog, portanto, se propõe a um meio-termo: a criticar algumas coisas, sim, mas, também, a encontrar aspectos positivos que merecem atenção e, até, alguma deferência.

Então, para estabelecer os pontos, sim, eu li os livros, e mais de uma vez. Se gostei? Muito! Mas não espere que eu inveje as descontroladas que arrancaram sangue dos pescoços na presença do ator que interpreta Edward; tampouco esperem que eu assine um daqueles blogs do tipo "porque nós odiamos twilight". Existe um meio termo em tudo isso, e é nele que estou.

Então, por tudo isso, mais um blog sobre Twilight!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Sim, eu gosto de Rosalie

Para fãs e não-fãs, Rosalie é definida apenas como a "psicopata
maternal". De fato, a relevância dela é muito pequena, até amanhecer.
Mas do pouco que vi, nos livros oficiais e em "Sol da Meia-noite" (que
vale super a pena, se vocÊ quiser conhecer melhor os Cullen), ela é
interessantíssima.
O capítulo em que ela conta sua história nos permite muitas
reflexões sobre a beleza, em si. Acho que, no fundo, ela tem uma
relação ambivalente com sua aparência, e não é para menos.
Rosalie teve, durante a vida humana, incríveis vantagens e
desvantagens por ter sido sempre a mais bonita. As vantagens são óbvias:
admiração, a atenção dos pais; e as desvantagens? Acho que ela se sentia
triste por nunca ter sido amada por quem realmente ela era, e daí vinha
a inveja de sua amiga genérica, casada com um homem genérico.
E a fixação dela por nunca ter tido filhos? Acho que eu entendo
isso. Quero dizer, um filho não a amaria por ela ser "a mais bonita";
ele a amaria porque ela seria sua mãe, simples assim.
Existe nela uma tal cede de amor, uma tal sinceridade, que converge
simpatias, indiscutivelmente.
Só me perco nas reais fundações do amor entre ela e Emmett. Ela diz
que o escolheu pelas suas "covinhas", que lhe fizeram lembrar do bebê da
sua amiga. Mas, e agora? O que será que ela vê nele? Por que ela disse
uma das frases mais lindas de todo o livro? "Emmett é tudo que eu
pediria, se me conhecesse bem o suficiente para saber do que precisava"?
O que une pessoas aparentemente tão diferentes, com humor diferente,
perspectivas, expectativas diferentes?
E aí entra a maternidade, toda aquela história de ela apoiar a Bella
a ter o seu "bebê-vampiro-potencialmente-assassino".
Acho que, sim, ela teve afinidade com Bella, ali. Creio que de todos,
excetuando talvez Esme que, ao que sabemos, tentou suicídio porque
perdeu seu filhinho,- Rosalie estava mais preparada para sentir a
"impressão" que a maternidade fez na esposa de Edward.
Edward diz que ela estava só visando o bebê, mas não sei se ele
é um referencial confiável ali, dado seus próprios sentimentos
contraditórios em relação ao feto.
Então, sim, eu gosto da "psicopata maternal" e gostaria de ter visto
mais sobre ela, nos livros.
Abaixo, segue um escrito não-oficial da tia Steph, narrado por
ninguém menos que pela Rose... :-)))) Deliciem-se, eeee

Erro de cálculo

Um pequeno som cochichado - não aqui, a uns cem metros ao norte - me fez
pular. Minha mão se fechou automaticamente envolta do telefone, o
fechando e o tirando de vista no mesmo movimento.

Eu joguei meu cabelo por cima do ombro, espiando pelas janelas altas até
a floresta. O dia estava escuro, nublado; meu próprio reflexo era mais
claro que as arvores e as nuvens. Eu encarei meus olhos arregalados e
assustados, meus lábios caídos nos cantos, a pequena ruga na vertical
entre minhas sobrancelhas&

Fiz uma careta, substituindo a expressão de culpa por uma de desprezo.
Um desprezo atraente. Inconscientemente, eu notei como a expressão de
raiva combinava com o meu rosto, contrastando belamente com o dourado
dos meus cachos grossos. Ao mesmo tempo, meus olhos procuravam pela
floresta vazia do Alasca, e eu fiquei aliviada que ainda estivesse
sozinha. O som não tinha sido nada - um pássaro ou uma brisa.

Não tinha porque sentir alívio, eu disse a mim mesma. Não tem porque se
sentir culpada. Eu não tinha feito nada de errado.

Os outros estavam planejando nunca contar ao Edward a verdade? Deixá-lo
rolar de angustia por becos sujos, enquanto Esme ficava de luto e
Carlisle tentava adivinhar cada decisão dele e a alegria natural da
existência de Emmett lentamente se transformar em solidão? Como isso
podia ser justo?

Além do mais, não havia como manter segredos do Edward. Mais cedo ou
mais tarde ele iria nos encontrar, vir visitar a Alice ou o Carlisle por
alguma razão, e então ele descobriria a verdade. Ele teria nos
agradecido por mentir para ele como nosso silencio? Dificilmente. Edward
sempre tinha que saber de tudo; ele vivia para esse sentido de
onisciência. Ele teria um belo surto, e só ficaria mais irritado que nós
escondemos a morte da Bella dele.

Quando ele se acalmasse e superasse toda essa bagunça, ele provavelmente
me agradeceria por ser a única corajosa o suficiente para ser honesta
com ele.

A quilômetros de distancia, um falcão gritou; o som me fez pular e
checar a janela de novo. Meu rosto tinha a mesma expressão de culpa de
antes, e eu me olhei com raiva no vidro.

Ótimo, então eu tinha minhas próprias razões. Era tão ruim assim que eu
quisesse que a minha família ficasse junta novamente? Era tão egoísta
sentir falta da paz, da felicidade sem fim a qual eu já tinha me
acostumado, a felicidade que Edward parecia ter levado com ele em sua
viagem?

Eu só queria que as coisas voltassem a ser como eram antes. Isso era
errado? Não parecia tão horrível. Afinal, eu não tinha feito isso só
para mim, mas para todos. Esme, Carlisle e Emmett.

Não tanto por Alice, embora eu teria presumido& Mas Alice sempre tinha
estado tão certa que as coisas dariam certo no fim - que Edward seria
incapaz de ficar longe de sua namoradinha humana - que ela não tinha se
preocupado em ficar de luto. Alice sempre tinha funcionado em um mundo
diferente do resto de nós, trancada em sua realidade mutável. Já que o
Edward era o único que podia participar dessa realidade, eu tinha
pensado que a ausência dele seria mais difícil para ela. Mas ela estava
segura como sempre, vivendo à frente, sua mente em um tempo que seu
corpo ainda não tinha alcançado. Sempre tão calma.

Mas ela tinha ficado fora de si quando viu Bella pular&

Eu tinha sido muito impaciente? Agido rápido demais?

Era melhor que eu fosse honesta comigo mesma, porque Edward veria cada
insignificância em minha decisão assim que ele voltasse para casa.
Melhor que eu reconhecesse logo meus motivos mesquinhos, os aceitasse de
uma vez.

Sim, eu estava com ciúmes do jeito que a Alice se sentia sobre a Bella.
Alice teria corrido tão rápido, com um pânico tão desesperado, se ela
tivesse me visto pulando de um penhasco? Ela tinha que amar essa
humanazinha comum tão mais do que me amava?

Mas o ciúme era só uma pequena coisa. Talvez tivesse acelerado a minha
decisão, mas não tinha sido o principal motivo. Eu teria ligado para o
Edward de qualquer jeito. Tinha certeza que o Edward iria preferir minha
honestidade objetiva do que a decepção bondosa dos outros. A bondade
deles já estava condenada desde o começo; Edward viria para casa
eventualmente.

E agora ele podia voltar para casa antes.

Não era a felicidade da minha família que eu sentia falta.

Eu sentia saudade do Edward também, de verdade. Eu sentia saudade das
pequenas observações cortantes dele, do humor negro que sempre estava
mais em harmonia com o meu do que o feliz e brincalhão do Emmett. Eu
sentia saudade da musica - o radio dele tocando sua ultima descoberta
indie, e o piano, o som do Edward transformando seus pensamentos quase
sempre remotos em música. Eu sentia saudade dele murmurando da garagem
ao meu lado enquanto nós mexíamos nos carros, a única hora em que
ficávamos em perfeita sincronia.

Eu sentia saudade do meu irmão. Com certeza ele não me julgaria tão
duramente depois que ele visse isso na minha cabeça.

Seria desconfortável por um tempo, eu sabia disso. Mas o mais cedo que
ele voltasse para casa, mais cedo as coisas poderiam ser normais de
novo&

Eu busquei em minha cabeça algum luto pela Bella, e fiquei contente em
encontrar que eu sentia pena da menina, sim. Um pouco. Uma coisa era
certa, pelo menos: ela tinha feito o Edward feliz em um jeito que eu
nunca tinha visto antes. É claro, ela também tinha o deixado mais
infeliz que qualquer outra coisa em seus cem anos de vida. Mas eu
sentiria falta da paz que ela tinha dado a ele durante aqueles poucos
meses. Eu podia verdadeiramente lamentar a perda dela.

Esse reconhecimento me fez sentir melhor comigo mesmo, satisfeita. Eu
sorri para o meu rosto no vidro, emoldurado pelo meu cabelo dourado e as
paredes de cedro vermelhas da sala de estar aconchegante e longa da
Tanya, e aproveitei a visão. Quando eu sorria, não havia mulher ou homem
no planeta, mortal ou imortal, que podia se comparar comigo em beleza.
Era um pensamento consolador. Talvez eu não fosse a pessoa mais fácil de
se conviver. Talvez eu fosse superficial e egoísta. Talvez eu tivesse
desenvolvido uma personalidade melhor se eu tivesse nascido com um rosto
comum e um corpo normal. Talvez eu tivesse sido mais feliz assim. Mas
isso era impossível de provar. Eu tinha a minha beleza; isso era algo em
que eu podia contar.

Eu alarguei o sorriso.

O telefone tocou e eu automaticamente apertei a mão, embora o som
tivesse vindo da cozinha, não do meu pulso.

Eu soube na hora que era o Edward. Ligando para checar a informação que
eu tinha dado. Ele não confiava em mim. Ele achava que eu era cruel o
bastante para fazer piada disso, aparentemente. Eu fiz uma careta quando
eu voei para a cozinha para atender o telefone da Tanya.

O telefone estava no canto mais distante, em cima do longo balcão de
cortar carnes. Eu o peguei antes que o primeiro toque tivesse terminado,
e virei a cabeça para a porta da frente quando atendi. Eu não queria
admitir, mas eu sabia que estava esperando o retorno do Emmett e o
Jasper. Eu não queria que eles m vissem falando com o Edward. Ficariam
com raiva&

- Sim - eu perguntei.

- Rose, eu preciso falar com o Carlisle agora - Alice disse ríspida.

- Ah, Alice! Carlisle está caçando. O quê -

- Ótimo, assim que ele voltar, então.

- O que é? Eu vou atrás dele agora mesmo e peço para ele ligar para você
-

- Não - Alice interrompeu de novo. - Estarei em um avião. Olha, você
teve notícias do Edward?

Foi esquisito como o meu estomago se revirou, parecendo descer pelo meu
abdômen. A sensação trouxe um estranho déjà vu, uma alusão a uma memória
humana, há muito perdida. Náusea&

- Bem, sim, Alice. Verdade. Eu falei sim com o Edward. Há alguns minutos
- Por um breve segundo eu brinquei com a idéia de fingir que o Edward
tinha me ligado, uma coincidência aleatória. Mas é claro que não tinha
sentido em mentir. Edward já me daria trabalho o suficiente quando ele
viesse para casa.

Meu estomago continuou a se mexer estranhamente, mas eu o ignorei.
Decidi ficar nervosa. Alice não devia falar assim comigo. Edward não
queria mentira, ele queria a verdade. Ele me apoiaria quando viesse para
casa.

- Você e Carlisle estavam errados - eu disse. - Edward não gostaria que
mentissem para ele. Ele iria querer a verdade. Ele quis. Então eu dei a
ele. Eui liguei para ele& Eu liguei para ele muitas vezes - eu admiti. -
Até que ele atendesse. Uma mensagem teria sido& errado.

- Por quê? - Alice ofegou. - Por quê você fez isso, Rosalie?

- Porque o quanto antes ele esquecer isso, quanto antes as coisas
voltarão ao normal. Não teria ficado mais fácil com o tempo, então por
que adiar? Tempo não vai mudar nada. Bella está morta. Edward vai ficar
de luto e então superar. Melhor que ele comece agora do que depois.

- Bem, você está errada nos dois casos, Rosalie, então isso seria um
problema, não acha? - Alice perguntou um tom feroz, cruel.

Errada nos dois casos? Eu pisquei rápido, tentando entender.

- Bella ainda está viva? - eu sussurrei, sem acreditar nas palavras. Só
tentando adivinhas a que casos Alice estava se referindo.

- Sim, é isso mesmo. Ela está absolutamente bem -

- Bem? Você disse que ela pulou de um penhasco!

- Eu estava errada.

A palavra soou tão estranha na voz de Alice. Alice, que nunca estava
errada, que nunca era pega de surpresa&

- Como? - eu sussurrei.

- É uma longa história.

Alice estava errada. Bella estava viva. E eu tinha dito&

- Bem, você causou uma bela bagunça - eu resmunguei, transformando meu
pesar em acusação. - Edward vai ficar furioso quando voltar para casa.

- Mas você está errada sobre essa parte também - Alice disse. Eu podia
dizer que ela estava falando por entre os dentes. - É por isso que eu
estou ligando&

- Errada sobre o quê? Edward voltar para casa? É claro que ele vai
voltar - eu ri, zombando. - O quê? Você acha que ele vai dar uma de
Romeu? Há! Como algum estúpido e romântico -

- Sim - Alice sibilou, a voz como gelo. - É exatamente isso que eu vi.

A convicção dura da voz dela deixou meus joelhos bizarramente bambos. Eu
segurei na viga de cedro para me apoiar - apoio que meu corpo duro feito
diamante não precisava. - Não. Ele não é assim burro. Ele - ele deve
perceber que -

Mas eu não conseguia terminar a frase, porque eu podia ver na minha
cabeça, uma visão própria. Uma visão de mim. Uma visão impensável de
como seria a minha vida se de algum modo o Emmett deixasse de existir.
Eu tremi e me recolhi de horror com a idéia.

Não - não tinha comparação. Bella era só humana. Edward não queria que
ela fosse imortal, então não era a mesma coisa. Edward não podia sentira
mesma coisa!

- Eu - eu não tive intenção, Alice! Eu só queria que ele voltasse para
casa! - minha voz era quase um urro.

- É um pouco tarde demais para isso, Rose - Alice disse, mais grossa e
fria que antes. - Guarde seu remorso para alguém que acredite nele.

Houve um clique, e então o barulho da linha.

- Não - eu sussurrei. Sacudi a cabeça lentamente por um momento. -
Edward tem que voltar para casa.

Eu encarei o meu rosto na chapa de vidro da porta da frente, mas não
conseguia mais o enxergar. Era só um borrão de branco e dourado.

Então, através do borrão, longe na floresta distante, uma arvore enorme
se agitou irregularmente, diferente do resto da floresta. Emmett.

Eu empurrei a porta para longe do meu caminho. Ela bateu violentamente
contra a parede, mas o som estava bem atrás de mim enquanto eu corria
pelo verde.

- Emmett! - eu gritei. - Emmett, ajuda!

Fonte: Foforks

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