Apresentação

Eu sei que existem muitos blogs sobre Twilight, mas todos que eu conheço são extremados: ou Twilight é a primeira maravilha, tendo desbancado já as outras sete, ou é um lixo nuclear, cujo úúnico mérito é arder bem e sendo capaz de alimentar uma boa fogueira.
Este blog, portanto, se propõe a um meio-termo: a criticar algumas coisas, sim, mas, também, a encontrar aspectos positivos que merecem atenção e, até, alguma deferência.

Então, para estabelecer os pontos, sim, eu li os livros, e mais de uma vez. Se gostei? Muito! Mas não espere que eu inveje as descontroladas que arrancaram sangue dos pescoços na presença do ator que interpreta Edward; tampouco esperem que eu assine um daqueles blogs do tipo "porque nós odiamos twilight". Existe um meio termo em tudo isso, e é nele que estou.

Então, por tudo isso, mais um blog sobre Twilight!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Eles morrem de rir e eu morro de pena

Vira e mexe os que não apreciam Twilight comentam a comicidade das
comunidades do Orkut feitas por fãs de Edward Cullen. A coisa é mesmo
digna de ser notada. Essas comunidades multiplicam-se quase que
milagrosamente pela rede social, com jovens desesperadas e deprimidas
porque não existem homens como Edward Cullen. Elas declaram seu amor ao
protagonista de Twilight, e o fato de ele não ser real, não contribui em
nada para o fim da alucinação.
Edward Cullen passou a ser, assim, o ideal romântico de quase toda
uma geração, porque creem fervorosamente que seu romantismo é, sim,
matéria de exceção... E não é.
Agora, vamos pensar: somos parte de uma geração que foi incentivada a
adotar os relacionamentos rápidos
como forma predominante e até preferencial para relacionamentos
românticos . Os
envolvimentos são explosivos e de curta duração, sem nenhum espaço
para a observação, para a aproximação gradativa, para a expectativa do
primeiro beijo, para a intimidade física conquistada passo a passo. A
ordem agora é beijar, e beijar muito, como se a felicidade estivesse na
quantidade, não na qualidade das vivências; como se um beijo não
fosse tão importante assim em si mesmo, como se relacionar-se
romanticamente fosse mais ou menos como trocar de roupa ou usar um sapato
cobiçado pelas demais. Superar desafios juntos, crescer juntos, confiar
irrestritamente no outro? Esqueça, afinal, "quem quer sofrer"?
Então vem tia Steph e coloca dois personagens adolescentes - sim,
porque, em muitos aspectos, Edward não passa disso - e narra, tim tim
por tim tim, todas as etapas de um processo quase esquecido pela grande
maioria.
Primeiro eles se olham. Depois, surpreendentemente, ele puxa
conversa com ela... E começa todo aquele clima de "ai, meu Deus, estou
apaixonado / será que vou ser correspondido?"; depois eles começam a
namorar; então eles se beijam. A intimidade física é uma conquista
paulatina ali, também, bem como a intimidade emocional.
Me perdoem as fãs entusiasmadas, mas tudo que tia Steph descreve é,
mais ou menos, parte de amar e ser amado, de quem vivencia a paixão e a
ternura a dois de forma aprofundada.
E sabe o que dá vontade de chorar? Todos temos o direito de viver
algo assim. O problema é que, em boa parte dos casos, moças e rapazes
vivem tudo rápido demais.
Quando eu vejo garotas histéricas, derretidas por Edward Cullen,
fico com uma esperança doce de que elas passem a ter expectativas mais
delicadas, mais respeitosas consigo mesmas, em lugar de adotarem a
prática de passar de mão em mão a qual são quase empurradas, em algumas
ocasiões.
Suspirar por ser a única de alguém, suspirar por encontrar uma
pessoa que as ache especiais, mesmo elas sendo comuns, suspirar por
alguém que lhes devote fidelidade irrestrita e atenção concentrada não é
tolice nem fanatismo; é demasiadamente humano, parte da adolescência e
algo extremamente saldável, em termos de ideal de vida.
Claro que há quem suspire por outros quesitos - beleza, dinheiro...
- Mas aí já é assunto para outro post.

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