Apresentação

Eu sei que existem muitos blogs sobre Twilight, mas todos que eu conheço são extremados: ou Twilight é a primeira maravilha, tendo desbancado já as outras sete, ou é um lixo nuclear, cujo úúnico mérito é arder bem e sendo capaz de alimentar uma boa fogueira.
Este blog, portanto, se propõe a um meio-termo: a criticar algumas coisas, sim, mas, também, a encontrar aspectos positivos que merecem atenção e, até, alguma deferência.

Então, para estabelecer os pontos, sim, eu li os livros, e mais de uma vez. Se gostei? Muito! Mas não espere que eu inveje as descontroladas que arrancaram sangue dos pescoços na presença do ator que interpreta Edward; tampouco esperem que eu assine um daqueles blogs do tipo "porque nós odiamos twilight". Existe um meio termo em tudo isso, e é nele que estou.

Então, por tudo isso, mais um blog sobre Twilight!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Nem tanto ao céu, nem tanto à Terra - acertando as contas com Edward Cullen

Normalmente as pessoas analisam Twilight por trechos, capítulos, e
parecem nem perceber que a série é, em última análise, um processo.

O que eu vejo ali é um par improvável tentando construir algo
juntos e sendo pressionado o tempo todo.

Edward e Bella sempre estão sob
pressão e buscam lidar com ela sem soltar a mão um do outro. Nesse
exercício, ambos cometem erros, sim... Especialmente Edward, primeiro
fingindo que não gostava mais dela para tentar protegê-la dos riscos de
namorar um vampiro. Então ela encontra Jacob e acaba ficando dividida entre os dois... OU
melhor, como ela mesma admite, dividida entre a Bella de Edward e a
Bella de Jacob. Então ele volta
e, claro, os problemas apenas continuam. Além de ter que lidar com
todos eles, Edward vive o desespero de perceber que a pessoa que ele ama
está quase, quase gostando de outro alguém. De verdade, só quem viveu
isso na pele tem a mínima noção do que significa... E deve ser pior
ainda você perceber que tudo está acontecendo por sua culpa.

"quando eu deixei você, Bella, eu te deixei sangrando. Foi Jacob que te costurou de novo. Isso tinha chance de deixar marcas
em vocês dois. Eu não tenho certeza de que esses pontos se dissolvem sozinhos. Eu não posso te culpar por uma coisa que
eu tornei necessária. Eu posso ganhar perdão,
mas isso não me deixa escapar das consequências".

Então, nesse processo de tentar atraí-la de volta, Edward erra, sim,
como a parte que todo mundo aponta, quando ele tenta impedir Bella de
ir ao encontro de Jacob, avariando o motor do carro dela, ou quando ele
pede para Alice vigiar a namorada. Mas eu acho
muito engraçado - e parcial - ninguém se lembrar de que, depois, ele
pediu desculpas a ela por tudo isso e passou, na verdade, a levá-la
pessoalmente ao encontro de Jacob, não porque ele tivesse desistido de
Bella,
mas porque ele colocasse o direito dela de estar aonde desejava acima
do próprio ciúme.
Eu acredito que podemos sentir o amor mais perfeito do mundo, mas, sob
pressão, o erro faz parte da vitória. O que me frustra em diversos
autores de romance, é que o fato de amar
incondicionalmente e ser correspondido, faz da relação uma estrada sem
curvas nem obstáculos. Uma pessoa pode não gostar de Bella ficar
dividida entrtre Jacob e Edward, de Edward ter tentado controlá-la, de
Jacob aparecer no meio dos dois, mas é assim que a vida funciona. E,
contrariando o que muitas vezes acontece fora dos livros, os personagens
agem com o máximo de dignidade, tentando colocar o respeito pelo outro
em primeiro lugar, tentando, cada qual, tomar para si as próprias
responsabilidades, em lugar de ficarem com joguinhos de "de quem é a
culpa aqui", como muitas vezes acontece no dia-a-dia.
Um dos pontos que mais me encanta na série é que os personagens
tentam, por amor, superar seus limites... E conseguem.
Sei também que muitas pessoas criticam a intensidade do amor entre
os dois. Todavia realmente existem amores assim: inexoráveis,
inevitáveis, que não permitem alternativas.
Normalmente esses relacionamentos, de tão intensos, podem ter
episódios de desequilíbrio, entretanto, *se o sen timento é verdadeiro*,
o par é capaz de perceber as falhas e buscar outras saídas. É o
que eles fazem o tempo todo.
Então, eu não nego a maior parte das críticas que fazem a Edward
Cullen, do mesmo modo que concordo com a maior parte das feitas a Bella.
O que nunca vi ser elencado, porém, é que tudo isso faz parte de um
processo, como se uma pessoa julgasse um poema inteiro por uma rasura
que o autor precisou fazer, para ajeitar uma estrofe.
Twilight não é a história de um vampiro obsessivo, controlador e
manipulador apaixonado por uma menininha mimada, insegura, desastrada e
dramática; é o processo desses dois indivíduos. E quem ler com atenção
não poderá negar que, além de superarem os obstáculos infrigidos pela
trama, eles também superam a si mesmos... O que é o ponto auto da obra
para mim, o que me faz engolir a literatura de qualidade amplamente
discutível.,
Uma boa história salva um livro ruim, do mesmo modo que qualidade
literária não transforma um enredo fraquíssimo.
Na minha cabeça, então, Edward Cullen não é nem santo, nem
psicopata; é apenas um ser humano tentando ser melhor por amor. Idem
para Bella.
Também acredito que o ponto auto dele não é o romantismo, mas como ele
lida com as próprias limitações, mas isso já é assunto para outro post.

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